sábado, 28 de março de 2009

Consumo consciente

As últimas décadas foram marcadas por um aumento sem precedentes do nível educacional da população e por um intenso desenvolvimento tecnológico das comunicações, o que tem tornado a sociedade cada vez mais esclarecida, consciente e organizada.
Nesse contexto, surgiram dois conceitos paralelos para repensar nossa maneira de produzir e comprar: a responsabilidade social empresarial e o consumo consciente.

Empresa consciente do seu papel na sociedade
A responsabilidade social é uma nova maneira das empresas enxergarem o mundo.
É produtor ético quem atua com transparência, justiça e de forma sustentável com todos os públicos com os quais se relaciona: empregados, fornecedores, parceiros, consumidores e a sociedade em geral, incluindo o meio ambiente. O conceito implica em atitudes como respeitar as leis, estimular os funcionários a adotar hábitos saudáveis, gerar o mínimo de poluição, não desperdiçar eletricidade, nem água, oferecer produtos e serviços seguros, atender as reclamações dos clientes, buscar soluções aos problemas da sociedade e estimular todos os seus parceiros a seguir os mesmos passos.
É uma tarefa difícil. Não à toa muitas empresas se dizem responsáveis quando, na verdade, cumprem apenas alguns itens e ignoram os demais. Não basta parecer legal, é preciso ser.

Consumidor consciente do seu papel na sociedade
Em contrapartida, para tornarmos consumidores conscientes devemos pensar em fatores como: o que consumir?; por que consumir?; de quem consumir?; como consumir?; e, ainda, como descartar o que foi consumido.
É preciso ficarmos atentos ao que consumidos e se suspeitarmos de produtos com chances de conter, em suas cadeias produtivas, ações graves contra pessoas e meio ambiente - como, por exemplo, trabalho escravo, destruição da floresta, desperdício de energia, trabalho infantil, teste em animais, entre outros, - é nosso dever desmascará-los e boicotá-los.

Boicotar o que não presta
Um dos casos mais conhecidos de boicote aconteceu com a multinacional de tênis e artigos esportivos Nike. Em 1997, um vazamento dos dados de uma auditoria interna revelou ao mundo que os funcionários de uma fábrica da marca no Vietnã, trabalhavam em uma situação altamente degradante. Eram expostos a agentes cancerígenos, não usavam equipamentos de segurança, tinham problemas respiratórios e recebiam apenas 10 dólares por 65 horas de trabalho semanal. Apesar da repercussão internacional, a Nike não admitiu os fatos. Protestos e campanhas de boicote pipocaram por todo o mundo, levando os produtos da marca a encalhar nas lojas. Em dois anos, as ações da empresa na Bolsa de Nova York caíram 43%, um enorme prejuízo financeiro e de imagem. Sem saída, a Nike assumiu as falhas e comprometeu-se a corrigí-las. A partir de então, suas fábricas passaram a ser observadas por ONG's internacionais.
Infelizmente, o boicote não é uma arma muito utilizada em nosso país. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto_Akatu e Ethos, a mais respeitada organização brasileira voltada para a promoção da responsabilidade social, em 2006 e 2007, apesar de 75% dos brasileiros saberem que têm poder de influenciar a responsabilidade social das empresas, apenas 14% deixam de comprar das companhias que consideram irresponsáveis, e só 12% premiam as responsáveis escolhendo suas marcas. O recorde do boicote é registrado na América do Norte,onde 55% dos consumidores afirmam punir as empresas irresponsáveis, deixando de dar seu dinheiro a elas.

Ser consciente
Para fazermos parte da turma dos consumidores conscientes, devemos acompanhar balanços de práticas socioambientais, listas de empresas sujas e limpas divulgadas por ONG's, verificar se o produto apresenta certificações estampadas nas embalagens, por meio da imprensa, das pessoas de nosso círculo, ou das próprias empresas em suas páginas na internet.

Onde se informar?
Desperdício de energia: www.eletrobras.com/procel

Saiba mais:
Catálogo Sustentável da Fundação Getúlio Vargas: http://www.catalogosustentavel.com.br/
Lista de empresas com reclamações no Procon de São Paulo: www.procon.sp.gov.br/noticia.asp?id=777

Fonte: revista Sorria, número 6, jan/fev 2009.




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